Canção de Embalar

A Doçura e a Esperança na 'Canção de Embalar' de Zeca Afonso

A 'Canção de Embalar', interpretada pelo icônico cantor português Zeca Afonso, é uma obra que transborda ternura e simplicidade. A música, que se assemelha a uma lullaby, ou canção de ninar, é marcada por sua suavidade e pelo carinho implícito em suas palavras. A letra fala de uma estrela d'alva, que é a primeira estrela a aparecer no céu ao anoitecer, e que não foi encontrada pelo narrador. A promessa de que, se a estrela d'alva não vier, outra será oferecida ao menino, transmite uma mensagem de conforto e proteção.

A repetição do som 'Ô' evoca o balanço e a cadência de uma canção de ninar, reforçando o ambiente de calma e segurança. As 'trovas e cantigas muito belas' que serão cantadas nas alturas sugerem uma conexão com o divino e o etéreo, como se a música pudesse elevar-se e tornar-se parte do firmamento, acompanhando o sono da criança. A referência à estrela d'alva perdendo seu fulgor quando a luz se apaga nas janelas pode ser interpretada como uma metáfora para a perda da inocência ou da magia da infância à medida que a noite avança.

Por fim, a música termina com uma imagem pacífica: a noite personificada como uma menina que também precisa adormecer. Isso reforça a ideia de que todos, até mesmo os elementos da natureza, têm um momento de descanso e serenidade. Zeca Afonso, conhecido por suas canções de protesto e papel ativo na Revolução dos Cravos, aqui oferece um momento de paz e esperança, um contraste com suas obras mais politizadas, mas igualmente poderoso em sua simplicidade e humanidade.