Lisboa que Amanhece

A Alvorada Poética de Lisboa na Voz de Sérgio Godinho

A música "Lisboa que Amanhece" de Sérgio Godinho é uma homenagem lírica à capital portuguesa, capturando a transição da noite para o dia e as várias facetas da vida urbana. A letra descreve a jornada dos habitantes que, após uma noite de dança e descontração, retornam para casa enquanto a cidade ainda oscila entre a escuridão e a luz do amanhecer. A noite é personificada como uma criança inocente e ao mesmo tempo como uma mãe solteira, sugerindo a dualidade de Lisboa, que é tanto acolhedora quanto misteriosa.

O poema canção de Godinho utiliza metáforas visuais fortes, como a do Tejo que reflete o novo dia, mas que à noite se torna prisioneiro dos olhares dos que ainda perambulam pela cidade. Essa imagem reflete a ideia de que Lisboa tem uma face pública luminosa e uma face privada, mais sombria e introspectiva. A referência aos 'navegantes' e 'amantes' que se movem entre os bares e miradouros sugere uma busca contínua por amor e significado nas interações humanas, tecidas entre a realidade e o desejo.

A música também aborda a natureza efêmera da vida noturna e das ilusões que ela pode trazer, como no caso de 'Necas', que se ilude com a promessa de fama e glamour. A canção conclui com uma reflexão sobre os sonhos e a realidade, onde a noite se transforma e se adapta, assim como os próprios habitantes de Lisboa. Através dessa narrativa, Sérgio Godinho não apenas descreve a cidade, mas também a experiência humana em seu ciclo diário de esperanças, desilusões e renovações.