Vou Vivendo

A Boemia e a Solidão em 'Vou Vivendo' de Pixinguinha

A música 'Vou Vivendo', composta pelo icônico Pixinguinha, um dos maiores compositores da música brasileira, especialmente do choro, retrata a jornada de um coração solitário pelos bares, simbolizando uma busca incessante por companhia e conforto. A letra descreve a vida boêmia como um refúgio para as mágoas e a solidão, onde cada bar se torna um lar temporário para o coração desamparado do narrador.

O uso de metáforas como 'uma noite de estrelas para ele dormir' e 'uma toalha de estrela me der para cobrir' eleva a experiência de beber sozinho a uma dimensão quase celestial, sugerindo que, apesar da solidão, há uma beleza poética na vida noturna. A repetição do tema dos bares e do álcool como companheiros constantes reflete a tentativa de afogar as tristezas e encontrar algum sentido ou consolo na rotina da boemia.

Além disso, a música também aborda a efemeridade dos relacionamentos e a inevitável despedida ('E os larguei quando Deus mandou'), o que reforça a ideia de uma existência nômade e solitária. A figura do garçom, que aparece cuidadosamente servindo o chorinho, atua como um símbolo de cuidado e atenção momentâneos, destacando a importância dos pequenos gestos de gentileza em meio à vida errante do protagonista.