Tinta y Tiempo

A Arte de Escrever e a Paciência do Processo Criativo em 'Tinta y Tiempo'

A música 'Tinta y Tiempo' de Jorge Drexler é uma reflexão poética sobre o processo criativo e a efemeridade da expressão artística. A letra, que se repete em um mantra de 'Tinta y tiempo', sugere a necessidade de dois elementos essenciais para a criação: o meio, representado pela tinta, e o tempo, que é tanto o momento de inspiração quanto o período de maturação da obra.

Drexler, conhecido por suas composições introspectivas e seu estilo que mescla influências do folk, pop e música uruguaia, utiliza a metáfora da escrita para falar sobre a impaciência e a ansiedade que acompanham o ato de criar. A menção a 'soltar no viento presentimientos' (soltar ao vento pressentimentos) e a dificuldade de esperar pelo momento certo de 'decantar' os sentimentos, revela a tensão entre a urgência de expressar-se e a necessidade de dar tempo ao tempo.

A música também aborda a imprevisibilidade da inspiração ('Nunca sé / Ni por qué / Ni cuándo / Esa voz / Yo no la / Comando'), reconhecendo que o controle sobre o processo criativo é limitado. A imagem de 'andar a tientas / Sin brújula en la tormenta' (caminhar às cegas / Sem bússola na tempestade) ilustra a busca incerta pelo caminho certo na arte. A aceitação de que cada história 'Si ha de pintarse, se pinta' (Se tem que ser pintada, será pintada) reflete a confiança no surgimento da obra, apesar das adversidades e da inconstância do coração ('Corazón / Siempre irás / Por libre').