Camelô

A Voz do Trabalhador Informal na Música de Edson Gomes

A música "Camelô" de Edson Gomes é um retrato social que aborda a vida e as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores informais. Através de uma narrativa em primeira pessoa, o cantor se coloca no lugar de um camelô, destacando a dignidade e a profissionalização desses trabalhadores, apesar de sua posição marginalizada na sociedade. A letra enfatiza que, mesmo sem o reconhecimento formal, esses indivíduos são profissionais e possuem valores familiares, contrapondo-se à visão estereotipada e pejorativa que muitas vezes é associada a eles.

O refrão da música faz uma crítica direta à ação policial desproporcional e violenta contra os camelôs, sugerindo que a polícia os trata como se fossem criminosos perigosos, ou 'feras'. Essa parte da canção destaca a desumanização e a criminalização da pobreza, onde a força policial é usada como instrumento de repressão ao invés de proteção. Edson Gomes, conhecido por suas músicas de protesto e reggae engajado, utiliza a canção para chamar atenção para a necessidade de políticas mais justas e humanas em relação aos trabalhadores do mercado informal.

Por fim, a música também toca na solidão e na falta de apoio que esses trabalhadores enfrentam. O camelô menciona não ter 'ninguém' para apelar, destacando a vulnerabilidade social e a falta de representatividade política. A repetição da frase 'até parece que sou fera' reforça a ideia de que a percepção da sociedade e das autoridades sobre esses trabalhadores é distorcida e injusta, necessitando de uma revisão de atitudes e políticas públicas.