2 de Junho

Análise de '2 de Junho' de Adriana Calcanhotto: Um Grito Contra o Racismo e a Injustiça Social

A música '2 de Junho' de Adriana Calcanhotto é uma obra carregada de crítica social e emocional, que aborda temas dolorosos como o racismo e a desigualdade no Brasil. A canção começa com uma descrição sombria do país, referindo-se a ele como 'negro e racista', e localiza a narrativa no coração da América Latina, especificamente na cidade do Recife. A data mencionada no título, 2 de junho de 2020, é crucial para entender o contexto da música, pois remete a um evento real e trágico: a morte do menino Miguel Otávio, que caiu de um prédio enquanto estava sob os cuidados da empregadora de sua mãe.

A letra prossegue descrevendo o dia aparentemente normal, com detalhes como a temperatura e o estado do céu, contrastando com a tragédia que se desenrola. A menção de Miguel, 'nome de anjo', e a referência a Ícaro, que na mitologia grega caiu ao voar muito próximo ao sol com asas de cera, intensifica a carga emocional da narrativa, simbolizando a inocência perdida e as ambições que se despedaçam diante de uma realidade brutal. A repetição das linhas iniciais no final da música reforça a crítica ao racismo sistêmico e à desigualdade social que permeiam a sociedade brasileira.

Adriana Calcanhotto, conhecida por sua habilidade em tecer críticas sociais através de suas letras, utiliza '2 de Junho' para chamar atenção para as injustiças sociais e raciais, provocando reflexão e conscientização. A música é um retrato doloroso, mas necessário, da realidade enfrentada por muitos no Brasil, e serve como um lembrete da urgência em combater essas desigualdades.