Diminuto
Guilherme de Sá
Então é isso
De mim, há o restante
Meu pretérito já está ausente
No predicado que jaz, sou infuturo
Do desterro, revivente
Semimorto por resistir
Um átimo à mais que o inimigo
Mas não deserto
Nem sou tardio
Às vezes, eu só sei sentir
(Dum vita est, spes est)
Se, no futuro
Sós e distantes
Lembrarmos de nós
Não serei eu a te odiar
Nem tu a me amares
No presente me ausento
Amanhã deixo de fazer falta
O desaplauso é meu momento
E disto, não ardo
Sim, tardamos
Ao fardo que não superamos
Às vezes, a gente só sabe sentir
Muito e tanto
(Não!)
Suæ quisque fortuna faber est!
Que destino amargo
É aquele em que o desatino
Fez-nos esquecer de Deus
Quando tudo foi divino
Então mostramos o paraíso aos outros
E o destruímos
Salvemos o mundo, suplicamos
Sob o medo de tudo acabar
Para que tudo fique como está
Desde que inferno do outro fique lá
E diminuímos até desaparecermos
E minguamos até inexistirmos
Até o último minuto
Um último minuto
E eu diminuto
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